quinta-feira, junho 4

Paz na chuva



Cabeça encostada na janela do coletivo, música tocando nos fones de ouvido, ônibus cheio, cabeça cheia, dia cinza e nublado... e aí, no meio de todo esse transtorno, uma gota d'água cai do céu e pousa no chão, depois milhares delas seguem seu exemplo. Meus olhos brilham e os cantos dos meus lábios começam a se levantar quando um cheiro de terra molhada sobe ao ar. Desencosto a cabeça da janela e olho, fascinada, as gotas caírem no asfalto, nos tetos dos carros e nas folhas das árvores (consigo imaginá-las sorrindo, assim como eu, por receber uma chuva assim depois de tanto tempo de secura). Também vejo as pessoas correndo nas ruas, abrindo guarda-chuvas ou tentando se esconder debaixo de algum teto para não serem molhadas. Me levanto para abrir a janela e sentir a água pelos meus dedos e as pessoas logo começam a brigar comigo, dizendo que vai molhar o ônibus todo e que é para eu fechar logo e eu, calada, a fecho e sento no meu assento. Mas eu me sinto vazia. Preciso sentir a água me encharcando. Preciso me renovar. Preciso sentir novamente. Apesar de estar bem longe da minha casa, aperto o botão para descer e desço no próximo ponto. Nenhuma pessoa nas ruas, apenas carros passam correndo, tentando chegar logo em casa. A água bate violentamente pelo meu corpo, solto meus cabelos, que antes estavam presos em um coque, e os vejo ficar ensopados, levanto o rosto para o céu e fecho os olhos, sentindo a chuva lavar minha alma. Eu sei, você deve estar achando que sou uma sem noção, talvez eu seja, mas isso é uma coisa minha. Para mim, a água tem um poder imenso. A chuva parece levar meus problemas rua abaixo, e mesmo que seja por pouco tempo, isso já ajuda. Nesses tempos em que eu só tenho problemas, decepções e mais problemas, esses pequenos momentos são sempre bem-vindos. Mesmo que por pouco tempo, estou feliz, e isso já basta. Eu aprendi a dar valor a esses pequenos momentos que são tão simples mas que me fazem pensar sobre o que eu estou fazendo, se é isso mesmo que eu quero para mim, se eu estou fazendo as coisas certas, se eu deveria aproveitar melhor minha vida... os pequenos prazeres são os mais intensos. Eu me sinto renovada na chuva, eu me sinto livre, me encho de esperanças. Eu encontro paz na chuva. 

Baseado nesse link

6 comentários:

  1. Que belo seu texto, Juliana! A chuva é algo tão bonito, os barulhinhos das gotas caindo no chão... oh! é tudo uma delícia.
    Gostei muito das suas palavras e principalmente da parte que a chuva lava a alma e que leva os problemas rua a baixo. Eu me sinto exatamente assim quando chove :)

    http://ameliatwee.blogspot.com.br/

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    1. Fico feliz por ter gostado, Amélia! A chuva realmente é muito linda! Muito obrigada pelas palavras gentis. Geralmente as pessoas fogem da chuva, não gostam dela e só sabem reclamar quando chove, que o tempo fica feio e coisas do tipo, então é bom encontrar alguém que pense assim. <3

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  2. A chuva é, como o sol, o arco-iris e todos esses fenômenos da natureza, algo belo e digno de ser admirado.
    Ótimo texto, adorei a forma como escreveu!
    Beijos ♥

    http://blogdaanoca.blogspot.com.br/

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    1. Sim, os fenômenos da natureza são minhas paixões!
      Muito obrigada, de verdade. <3
      Beijos!

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  3. Estranho quando está chovendo todos sair correndo com medo de se molhar e reclamar quando não chover. Acho que as pequenas coisas são muito especiais. Quando está chovendo eu gosto de abrir a janela e ficar observando cada gota que cair do céu. Concordo a chuva lava a nossa alma, tomar banho de chuva é a coisa mais gostosa que possa existir. Seu texto ficou ótimo, gostei de cada linha! <3
    Beijos,
    www.dosedeilusao.com

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    1. Concordo com tudo que disse! As coisas mais simples as vezes tem muito mais valor do que as super elaboradas. <3
      Muito obrigada, Fran. É muito bom ler isso!
      Beijos!

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